quinta-feira, 29 de agosto de 2013

DOENÇA E CURA

Filhos, toda doença tem a sua origem nas imperfeições do espírito, que
reflete sobre as células que lhe constituem o corpo material os desajustes da
consciência.

A doença, quando se exterioriza, se revela e pede tratamento.
Infelizmente, no entanto, o homem tem oferecido aos seus males físicos, que
são, em essência, males espirituais, remédios que agem perifericamente, ou
seja, que não atuam no âmago da questão.

Os distúrbios psicológicos do ser, fruto do seu estado de desarmonia
com a Lei, provocando-lhe sensações de sofrimento orgânico, tornam
evidentes as necessidades que se lhe radicam n'alma. O que é subjetivo faz-se
concreto para que se lhe corrijam as distorções.

Embora realizasse e realize curas no corpo perecível, sujeito às
incessantes transformações da matéria, Jesus se corporificou no mundo para
empreender a cura das almas, que não se efetivará sem o concurso dos
enfermos que a desejem.

A falta de perdão, o ódio, a revolta, a descrença, o ressentimento e toda
a variada gama de sentimentos corrompidos engendram causas profundas nas
dores que a Medicina estuda e cataloga, sem, no entanto, dar-lhes combate
eficaz.

Filhos, a harmonização do vosso mundo íntimo vitaliza as células em
desgaste e suprime as conseqüências mais drásticas do carma, a se expressarem
tantas vezes nas patologias que vos limitam a ação.

Pautai-vos por uma conduta cristã e, embora mais tarde não vos eviteis
de facear a morte, convivereis com a dor sem as agravantes do desespero.
A longevidade que o homem pretende no corpo material será uma
conquista do espírito e não meramente da Ciência, no campo das prevenções.

Elevai o vosso padrão mental e educai os vossos sentimentos, atraindo
para vós as forças positivas da Criação como quem sabe escolher para si o ar
que respira.

Não olvideis que, basicamente, toda cura depende da movimentação da
vontade do próprio enfermo, sem cujo concurso determinante ela não ocorrerá.

Livro: A coragem da fé
Carlos A. Baccelli - Espírito Bezerra de Menezes

29/08 - ANIVERSÁRIO DE BEZERRA DE MENEZES

Nascido em 29 de agosto de 1831, Adolfo Bezerra de Menezes foi conhecido em seu tempo com o Médico dos Pobres. Isto porque ele fazia mais do que ouvir o paciente e prescrever um receituário com remédios homeopáticos (ele foi um médico homeopata). Ele sofria também com o sofrimento de seus pacientes. Era todo amor e bondade, alimentava sempre o desejo de ser útil e procurava a todo instante arrancar de seu interior os maus instintos naturais e substituí-los pelas virtudes cristãs.

Uma vez escreveu sobre a maneira de proceder do verdadeiro médico, dizendo: O médico verdadeiro não tem o direito de acabar a refeição, de escolher a hora, de inquirir se é longe ou perto. O que não atende por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou pôr ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe, ou no morro; o que sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem chora à porta que procure outro - esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura (...).(*1,*2)

E realmente, Bezerra foi capaz de demonstrar na sua vida que realmente praticava seus ideais de amor cristão para com seus semelhantes. Conta-se que numa tarde, depois de haver vivido um dia cheio na sua tarefa crista, em que consolou e esclareceu, medicou e apaziguou infinidades de irmãos, chegou ao Lar sentindo-se cansado e preocupado, tanto mais que sua filha Evangelina, apelidada de Nhanhan, achava-se febril, abatida, desassossegada.

Descansa, depois de haver tomado seu banho e jantado, quando, à sua porta chega uma senhora aflita e lhe pede, entre soluços, em nome de Jesus, para ir ver sua filhinha que se achava febril, abatida, desassossegada. Bezerra se comove com as lágrimas maternais. Pensa na sua filha também doente, a quem dera assistência e de cuja enfermidade não encontrava a causa. Sente-se também cansado e com as pernas inchadas.

Mas a irmã a sua frente era um estátua viva de dor e aflição e o chamava em nome de Jesus! Não podia desatendê-la. E diz para sua querida esposa, que o observava atenta e também aflita, procurando adivinhar sua solução e pedindo-lhe, pelo olhar, que não fosse:

- Minha filha ficará sob os cuidados de Jesus. E, em Seu nome, vou cuidar de outra filha. Até já.

E segue com a mãe aflitiva. Sobe e desce morros. Depois de caminhada exaustiva, chega. Realiza sua tarefa, medicando a doentinha, dando-lhe passes, receitando-lhe alguns medicamentos e colocando-lhe à mesa algum dinheiro. E sai, deixando a doente melhor e a mãe consolada e agradecida, a dizer-lhe: Vá com Deus, Dr. Bezerra! Que Deus lhe pague o bem que me fez! Que possa encontrar sua filha melhor!

Chega ao lar tarde da noite. Encontra tudo aquietado. E, receoso, pensando haver a filha piorado e até desencarnado, entra às pressas. E encontra a esposa dormindo numa cama, e, noutra, sua Filha também dormindo e sem febre...

Ali mesmo, em silêncio, ajoelha a alma e agradece ao Divino Mestre por lhe haver sentido o testemunho e medicado a filha, aquela que, mais tarde, em plena primavera de seus 18 anos, seria chamada à espiritualidade para ser, de mais alto, seu anjo e seu estímulo.(*1)

Podemos ver que Bezerra de Menezes era mais do que um simples médico chegando-se mesmo a pensar se as curas que operava se deviam aos remédios homeopáticos que ministrava ou eram resultado dos fluidos energéticos de amor que emanavam a todo instante de sua alma. Ele receitava pelos lábios e pela pena. Pelos lábios: conselhos, vestidos de emoção e ternura, acordando nos consulente o Cristão que dormia; pela pena, homeopatia, água fluídica e passes. E finalizava pedindo que cada um tivesse às mãos, no lar, o Grande Livro, o Evangelho Segundo o Espiritismo, que o lesse com alma, com sinceridade e confiança no seu Autor, Jesus Cristo! E como os resultados eram promissores, cada doente deixava seu consultório satisfeito, melhorado pois que havia deixado lá dentro o seu peso, a sua tristeza, algo que o oprimia.(*1)

Escreveu-nos uma vez Joaquim Murtinho também médico homeopata e operador de muitas curas maravilhosas: os ensinamentos da fé constituem receituário permanente para a cura positiva as antigas enfermidades que acompanham a alma, século trás século (...) Se o homem compreendesse que a saúde do corpo é reflexo da harmonia espiritual, e se pudesse abranger a complexidade dos fenômenos íntimos que o aguardam além da morte, certo que se consagraria à vida simples, com trabalho ativo e a fraternidade legítima por normas de verdadeira felicidade. (*2)

De uma feita, um pai de família pede-lhe, chorando, um óbolo, uma ajuda em dinheiro para enterrar o corpo de sua esposa, que desencarnara, deixando-lhe os filhos menores doentes e famintos. Bezerra procura algo nos bolsos e nada encontra. Comove-se e, por intuição, desapegado das coisas materiais, tira do dedo o anel simbólico de Médico e o entrega ao irmão necessitado, dizendo-lhe, com carinho e humildade:

Venda-o e, com o dinheiro, enterre o corpo de sua mulher e compre o que precisa.(*1)

Certa feita, acabada a sessão espírita, descera Bezerra de Menezes ainda emocionado, as escadas da Federação Espírita Brasileira, quando localizou um irmão, de seus 45 anos, cabelos em desalinho, com a roupa suja e amarrotada.

Os dois se olharam, Bezerra compreendeu logo que ali estava um caso todo particular para ele resolver. Oh! Bendito os que têm olhos no coração! E Bezerra os tinha e os tem. E levou o desconhecido para um canto e lhe ouviu, com atenção, o desabafo, o pedido:

- Dr. Bezerra, estou sem emprego, com a mulher e dois filhos doentes e famintos... E eu mesmo, como vê, estou sem alimento e febril!

Bezerra, apiedado, verificou se ainda tinha algum dinheiro. Nada encontrou nos bolsos. Apenas a passagem do bonde... Tornou-se mais apiedado e apreensivo. Levantou os olhos já molhados de pranto para o alto e, numa prece muda, pediu inspiração a Maria Santíssima, seu anjo tutelar e solucionador de seus problemas. Depois, virando-se para o Irmão:

- Meu filhos, você tem fé em Nossa Senhora, a Mãe do Divino Mestre, a nossa Mãe Querida?

- Tenho e muita Dr. Bezerra!

- Pois, então, em Seu Santíssimo Nome, receba este abraço.

E abarcou o desesperado Irmão, envolvente e demoradamente. E, despedindo-se, disse:

- Vá, meu filho, na Paz de Jesus e sob a proteção do Anjo da Humanidade. E, em seu lar, faca o mesmo com todos os seus familiares, abraçando-os, afagando-os. E confie Nela, no amor da Rainha do Céu, que seu caso há de ser resolvido.

Bezerra partira. A caminho do lar, meditava: teria comprido seu dever, será que possibilitara ajuda ao irmão em prova, faminto e doente? E arrependia-se por não lhe haver dado senão um abraço. Não possuía nenhum dinheiro. O próprio anel de grau já não estava nos seus dedos. Tudo havia dado. Não tendo dinheiro, dera algo de si mesmo, vibrações, bom ânimo, moeda da alma, ao irmão sofredor e não tinha certeza de que isso lhe bastara... E, neste estado de espírito, preocupado pela sorte de um seu semelhante, chegou ao lar.

Uma semana passara-se. Bezerra não se recordava mais do sucedido. Muitos eram os problemas alheiros. Após a sessão de outra terça-feira, descia as escadas da FEB. Alguém no mesmo lugar da escada, trazendo na fisionomia toda a emoção do agradecimento, toca-lhe o braço e lhe diz:

- Venho agradecer-lhe, Dr. Bezerra, o abraço milagroso que me deu na semana passada, neste local e nesta mesma hora. Daqui saí logo sentindo-me melhor. Em casa, cumpri seu pedido e abracei minha mulher e meus filhos. Na linguagem do coração, oramos todos à Mãe do Céu. Na água que bebemos e demos aos familiares, parece, continha alimento. Pois dormimos todos bem. No dia seguinte, estávamos sem febre e como que alimentados... E veio-me a inspiração, guiando-me a uma porta, que se abriu e alguém por ela saiu, ouviu meu problema, condoeu-se de mim e me deu um emprego, no qual estou até hoje. E venho lhe agradecer a grande dádiva que o senhor me deu, arrancada de si mesmo, maior e melhor do que dinheiro!

O ambiente era tocante! Lágrimas caíam tanto dos olhos de Bezerra como do irmão beneficiado e desconhecido. E numa prece muda, de dois corações unidos, numa mesma forca gratulatória, subiu aos Céus, louvando Aquela que é, em verdade, a porta de nossas esperanças, a Mãe Sublime de todas as mães, a advogada querida de todas as nossas causas!

Louvado seja Maria Santíssima!(*1)

Bezerra de Menezes foi um grande devoto de Maria Santíssima, a qual atendia sempre a seus divinos pedidos. Era ela o seu fanal de consolação. Na verdade, Bezerra não foi espírita desde que nasceu. Nascera em família afortunada e católica, a 29 de agosto de 1831, em Riacho do Sangue, na Província do Ceará. Cresceu em clima de severa dignidade, respeito e religiosidade. Devido à sua prestimosa inteligência, inerente a todos os espíritos superiores, distinguiu-se nos estudos desde cedo, sendo sempre o 1o aluno de sua classe. Em 5 de fevereiro de 1851, quando contava com 19 anos de idade, transferiu-se para a Corte (atual Rio de Janeiro) para fazer seu curso médico. Nesta época seu pai, homem de bom coração havia perdido a sua fortuna e não pode ajudar seu filho financeiramente em seus estudos. Foi através de lutas, privações e renúncias aos prazeres ilusórios do mundo, que Bezerra conseguiu, em 1856, doutorar-se em Medicina.

Para custear seus estudos e a subsistência própria, Bezerra de Menezes lecionava. Numa ocasião em que se achavam totalmente esgotados os recursos, de par com a urgência de pagar o aluguel da casa e acudir a outras necessidades inadiáveis, reclinado em sua rede, sem grandes sobressaltos, mas seriamente preocupado com a solução do caso, dava tratos à imaginação, em procura dos meios com que sair da dificuldade, quando ouve bater à porta. Era um desconhecido, que vinha nominalmente procurá-lo, e que, depois, ajustando um certo número de lições de determinadas matérias, tira do bolso um maço de células e paga antecipadamente o preço convencionado, ficando igualmente combinado para o dia seguinte o início das aulas.

Bezerra reluta em receber a importância adiantada. Por fim, lembrando-se de sua situação, resolve aceitá-la. Radiante com a inesperada e providencial visita, Bezerra de Menezes solveu os seus compromissos e ficou a esperar, no prazo estipulado, o novo aluno.

Mas nem no dia seguinte nem nunca mais lhe tornou este a aparecer. Foi, pois, uma visita mais misteriosa.

Intervenções da mesma natureza, posto que não revestidas de cunho misterioso idêntico, se haviam de reproduzir no curso de sua vida, quando, em mais de uma ocasião, faltando-lhe o necessário para as despesas indispensáveis, longe de se perturbar, sentava-se à mesa de trabalho e punha-se tranqüilamente a escrever. Aparecia-lhe sempre um consulente que, atendido, lhe deixava os recursos de que necessitava e que, com serena confiança na Providência Divina, tinha certeza de que lhe não faltariam.(*2)

Casou-se em 6 de novembro de 1858, aos 27 anos, com D. Maria Cândida de Lacerda, pertencente a ilustre família. No fim de 4 anos, sua mulher desencarna, deixando-lhe dois filhos, um de 3 anos e outro de 1 ano. Este fato produziu em Bezerra um abalo físico e moral.

Todas as glórias mundanas que havia conquistado tornaram-se aborrecidas. Não tinha mais prazer de ler e escrever, suas duas maiores distrações e nada encontrava que lhe fosse lenitivo a tamanha dor.

É porque Bezerra, quando na Faculdade, na convivência de seus colegas, na maioria ateus, esquecera-se da sua crença católica que não fora firmada em uma fé raciocinada. Apesar disso, continuava a crer em dois pontos da religião católica: a crença em Deus e a existência da alma.

Um dia, um amigo seu lhe trouxe um exemplar da Bíblia, traduzido pelo padre Pereira de Figueiredo. Bezerra tomou o livro sem o intuito de lê-lo, mas folheando-o começou a ler e esqueceu-se nesta tarefa. Leu toda a Bíblia e percebeu que algo de estranho se passava em seu interior. Quando acabou, tinha a necessidade de crer novamente, mas não nesta crença imposta à fé, mas numa outra firmada na razão e na consciência. Atirou-se então à leitura dos livros sagrados, com ardor e sede. Mas havia sempre uma falha a que seu espírito reclamava.

Começaram a aparecer as primeiras notas espíritas no Rio de Janeiro. E, apesar de ouvir sobre esta nova Doutrina, Bezerra repelia-a sem conhecê-la, pois temia que ela perturbasse a paz que lhe trouxera ao espírito a sua volta à religião.

Um dia, porém, seu colega Dr. Joaquim Carlos Travassos, tendo traduzido o Livro dos Espíritos de Allan Kardec, presenteou-o com este livro. E tal como acontecera com a Bíblia, prendeu-se neste livro, lendo-o todo. Operou-se nele um fenômeno estranho. Ele sabia que nunca havia lido qualquer obra espírita, no entanto, tudo o que lia não era novo para seu espírito. Ele sentia como se já tivesse lido e ouvido tudo aquilo. São as lembranças da alma.

Foi assim que Bezerra de Menezes tornou-se espírita.

No entanto, assim com Allan Kardec com seu espírito crítico e observador não se deu logo a acreditar em todos os fenômenos ditos espíritas e iniciou, intimamente uma pesquisa experimental para comprovar os preceitos desta nova doutrina. Foi assim que surgiram em sua vida 3 casos que o surpreenderam muito. Vou relatar aquele que mais o impressionou e que, como ele mesmo relatou, se ainda fosse incrédulo, não poderia resistir à impressão que deixou em si semelhante fato. Eu estava em tratamento com o médium receitista Gonçalves do Nascimento, e este costumava mandar-me os vidros, logo que eu acabava uma prescrição, por um primo meu, estudante de preparatórios, que morava em minha casa, na Tijuca, a uma hora de viagem da cidade.

Meu primo costumava, sempre que me trazia os remédios (homeopáticos) da casa do Nascimento, entregar-me os vidros em mão, e nunca, durante 3 meses que já durava meu tratamento, me trouxe do médium recado por escrito, senão simplesmente os vidros de remédios, tendo no rótulo a indicação do modo pelo qual devia ser tomado.

Um dia, deixei de ir à Câmara dos Deputados, de que fazia parte, e, pelas duas horas de tarde, passeava, na varanda, lendo uma obra que me tinha chegado à mãos, quando me apareceu um vizinho, o Sr. Andrade Pinheiro, filho do Presidente da Relação de Lisboa, e moço de inteligência bem cultivada.

O Sr. Pinheiro não conhecia o Espiritismo, senão de conversa, e como eu fazia experiência em mim, ele aproveitava a minha experiência, para fazer juízo sobre a verdade ou falsidade da nova Doutrina.

Depois dos primeiros cumprimentos, perguntou-me como ia eu com o tratamento espírita.

Respondi-lhe com estas palavras: Estou bom; sinto apenas uma dorzinha nos quadris e uma fraqueza nas coxas, como quem está cansado de andar muito.

Conversamos sobre o fato de minha cura em três meses, quando nada alcancei com a medicina oficial, em cinco anos, e passamos a outros assuntos, até que, uma hora pouco mais ou menos depois, entrou meu primo com os vidros de remédios e com um bilhete, escrito a lápis, que me mandava Nascimento, e que dizia:

Não, meu amigo, não estás bom como pensas. Esta dor nos quadris, que acusas. Esta fraqueza das coxas, são a prova de que a moléstia não está de todo debelada. És médico e sabes que muitas vezes elas parecem combatidas, mas fazem erupções, porventura perigosas. Tua vida é necessária; continua teu tratamento.

É fácil compreender a surpresa, a admiração, o abalo profundo que se produziu na minha alma um fato tão fora de tudo o que tinha visto em minha vida. Repetiram-se, da cidade, textualmente, as minhas palavras, como só poderia fazer quem estivesse ao alcance de ouvi-las!

Efetivamente, calculado o tempo que leva o bonde da casa do Nascimento à minha, reconhecemos, eu e Pinheiro, que aquela resposta me fora dada na cidade, precisamente à hora em que eu respondia, na Tijuca, à interpelação de meu visitante.(*2)

A data de 16 de agosto de 1886 tornou-se memorável na História do Espiritismo no Brasil, por um acontecimento que, nos meios políticos, religiosos e médicos, ecoou de maneira estrondosa, causando mesmo surpresa e desapontamento para muitos, principalmente para os da classe médica. É que, numa das costumeiras tertúlias que então se realizavam no grande salão da Guarda Velha, em que compareceram cerca de 2 mil pessoas da melhor sociedade, Bezerra de Menezes, então presente, pedindo a palavra, proclamou solenemente a sua adesão ao Espiritismo. Essa sua filiação à nova corrente religiosa foi como uma transfusão de sangue novo para a Doutrina no Brasil, a qual daí por diante entrou em ritmo mais acelerado.(*1)

Em 1895, em meio a divergências havidas na FEB, e como obteve a maioria absoluta dos votos, Bezerra de Menezes tornou posse da presidência da FEB. Durante toda a sua presidência (1895-1900) trabalhou ativamente e com muito ardor no propósito de congraçar os espiritistas, e jamais esmoreceu na luta a bem da unificação geral, mantendo campanha sistemática em favor do estudo da nossa Doutrina e, sobretudo, seja pela palavra falada, seja pela palavra escrita, mostrava a completa, integral interdependência do Espiritismo e do Evangelho. Dizia mesmo que a pedra fundamental do Espiritismo, em sua pura concepção, era o Evangelho. Sem ele a Terceira Revelação não subsistiria e jamais se agigantaria nas consciências humanas.

Não obstante sua mansuetude, seu espírito fraternista, por excelência, pronta e decididamente saía à liça, como um leão, quando o Espiritismo era atacado, disposto a derrubar o inimigo, com as armas de sua inteligência, de sua dialética, de seus conhecimentos e de sua indômita coragem. Bezerra era um profundo conhecedor das ciências da vida e um filósofo por excelência. Nessas lutas, pouco se lhe dava que seus contendores ocupassem altos postos na política ou na administração pública, que gozassem do maior prestígio dos poderosos. Colocava, acima de seus interesses pessoais, a defesa do Espiritismo, desde que ela se fizesse necessária.(*2)

Foi por este motivo que Bezerra de Menezes foi também intitulado de Kardec Brasileiro, porque foi ele, quem realmente no Brasil, estava preparado para difundir o Espiritismo pela inteligência, pela persuasão, pelos atos e, sobretudo, pelos exemplos edificantes.

Bezerra de Menezes também teve vida política. Foi vereador, deputado geral e até Presidente da Câmara Municipal. Durante 20 anos que esteve envolvido com a política, Bezerra foi muito querido e odiado. Prestou relevantes serviços ao município que o elegera e conquistou os foros de inteligente, ilustrado, ativo e honesto.

Em 21 de janeiro de 1865 casa-se novamente com a Sra. D. Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã materna de sua 1a mulher, e com quem teve 7 filhos.

Bezerra de Menezes não fora , como alguns de seus admiradores supõem, um despreocupado com o dia de amanhã, com a assistência à família, com o futuro dos seus queridos entes familiares.

Sabia, como poucos, ater-se à disciplina do necessário, a desprezar o supérfluo, a não se apegar às coisas materiais. Aceitava o pagamento dos clientes que lhe podiam pagar e dava aos pobres e estropiados o que podia dar, inclusive algo de si mesmo. Sua família jamais passou necessidade. Todos seus familiares lhe tiveram a assistência permanente e o alimento espiritual de sus bons exemplos. Preocupava-se com o futuro de seu Espírito e dos Espíritos daqueles que o Pai lhe confiou.

E tudo corria bem, as dívidas eram pagas pontualmente, nenhum compromisso deixava de ser cumprido, os filhos eram educados cristãmente. Jesus morava em seu lar e dentro de seu coração e dos corações de seus queridos entes familiares, norteando-lhes a existência e fazendo-a vitoriosa.

Numa manhã, no entanto, houve no lar uma apreensão. A dispensa estava vazia, sem víveres para o jantar. Na véspera, Bezerra havia restituído a importância das consultas aos seus clientes pobres, porque, por intuição, compreendera que apenas possuíam o necessário para a compra dos medicamentos. Junto à esposa, ciente e consciente da situação, ficara a pensar. Vestira e saíra, consolando a querida companheira e dizendo-lhe:

- Não se preocupe, nada nos faltará, confiemos em Deus!

Ao regressar, à tardinha, encontra a esposa surpresa e um pouco agastada, que lhe diz:

- Por que tamanho gasto! Não precisava preocupar-se tanto, comprando alimentos de mais e que podem estragar-se..

- Mas, que aconteceu?

- Logo assim que você saiu, explica-lhe a esposa, recebemos uma carroça de alimentos...

E, levando-o à despensa, mostrou-lhe o sacos, os embrulhos, os amarrados de víveres, que recebera. Bezerra olhou para tudo aquilo e emocionou-se! Nada comprara e quem então lhe teria enviados tão grande dádiva se não Deus, através de seus bondosos filhos!

E, abraçado à querida consorte, refugiou-se a um canto da casa para a prece de agradecimento ao Pai de Amor, que lhe vitoriava a Missão, confirmando-lhe o ideal cristão e como a lhe dizer:

- Por preocupar-se tanto como o próximo, com todos meus filhos, eu preocupo-me com você e todos os seus, também meus filhos!(*1)

Em plena doença, com o corpo inchado, vítima de anasarca, ainda hemiplégico, atendia aos seus inúmeros doentes que o visitavam, enviando-lhe no aceno das mãos, no sorriso dos lábios ou pelo olhar manso e bom, consolações e testemunhos de confiança na Virgem Santíssima!

Foram cerca de quatro longos meses de sofrimentos atrozes, de sublimes testemunhos, em modestíssimo e desguarnecido quarto de sua residência humilde, pois o impacto produzido por esse mal violentíssimo o privara de qualquer movimento e da própria fala. Apenas seus lindos olhos verdes se moviam e falavam naquela linguagem misteriosa da expressão nascida da pureza de seu coração e da grandeza extraordinária de sua fé de apóstolo.

Bezerra fez questão de que os remédios fossem prescritos pelas entidades espirituais, e de receber passes mediúnicos, indo os médiuns à sua residência, para esse fim caridoso.

A miséria passara a residir em seu lar, e faltar-lhe-iam a própria alimentação e os remédios para amenizarem o seu grande martirológio físico, não fossem os corações bondosos e agradecidos que, em verdadeira romaria, afluíam dia e noite de seu calvário, para levar-lhe a sua solidariedade e o testemunho de seu reconhecimento, postando-se, um de cada vez, diante de seu leito, enquanto ele, com os olhos lacrimosos, agradecia, assim, através dessas lágrimas, que eram realmente a palavra de sua alma, a voz de seu sentimento.

E essas almas generosas, amigas e agradecidas, que dele tantos e tantos benefícios haviam recebido, sigilosamente iam deixando, sem que disso ele se apercebesse, desde a moedinha da espórtula da viúva, como nos fala o Evangelho, até as cédulas de vários valores, debaixo do travesseiro em que ele descansava a cabeça de apóstolo do Evangelho em espírito e em verdade.(*2)

No dia 11 de abril de 1900, sentindo que se aproximava a hora de seu decesso, pediu que o ajudassem a levantar-se um pouco e, com a cabeça erguida, olhos voltados para o Alto, assim orou, baixinho e entra lágrimas, deixando-os suas últimas palavras como a Lição permanente da sua grandeza Espiritual, de seu Espírito totalmente libertado dos vícios e ligado à causa cristã:

Virgem Santíssima, Rainha do Céu, Advogada de nossas súplicas junto ao Divino Mestre e a Deus todo poderoso, eu te peço não que deixe de sofrer mas que meu pobre espírito aproveite bem todo o sofrimento e te peço pelos meus irmãos que ficam, por esses pobres amigos, doentes do corpo e da alma, que aqui vieram buscar no teu humilde servo uma migalha de conforto e de amor. Assiste-os, por caridade, dá-lhes, Senhora, a tua Paz, a Paz do Cordeiro de Deus que tira os pecados do Mundo, Nosso Senhor Jesus Cristo! Louvado seja Teu nome! Louvado seja o Nome de Jesus! Louvado seja Deus!(*1)

E desencarnou!

Gente de toda a cidade do Rio, especialmente dos morros, das favelas, gente humilde, descalça, maltrapilha, os pobres de espírito, os humildes de coração, beneficiados pela Medicina do seu amor, ali se achavam em mistura com outra gente rica e poderosa, pertencente ao mundo oficial do Governo.(*1)

Na noite de 12 de abril de 1900, às sete horas, houve a habitual sessão comemorativa da Ceia do Senhor, na FEB. Todos que ali estavam ouviram, pela maravilhosa mediunidade de Frederico Pereira da Silva Júnior, a palavra querida do Espírito do nosso Bezerra de Menezes.

Sua mensagem foi longa, e nela mais de uma vez, humildemente, agradeceu a Deus, a Jesus e a Virgem Santíssima as bênçãos divinas que misericordiamente recebia na pátria espiritual, dizendo:

Baixai vossos olhos sobre os meus amigos! São também vossos filhinhos, como eu, que aflito gemi e padeci na Terra, sempre com os olhos cravados em vós. Dai que eles possam compreender, ó Virgem Imaculada(...), esse amai-vos uns aos outros, certos, convencidos de que o amor que desdobrarem das suas almas, para os seus irmãos, evola-se, libera-se aos páramos onde está o vosso amado Filho, é o amor elevadíssimo que nos vem com Jesus.(...) Obrigado a todos vocês. Bezerra estará sempre unido aos vossos corações. O Bezerra pede a Deus, e Deus há de permitir que ele continue a trabalhar, a produzir a seara bendita.(*2)

No dia 11 de abril de 1950, ocorre no plano espiritual uma reunião para homenagear os 50 anos de desenlace do Dr. Bezerra de Menezes. Chico Xavier foi um dos convidados. Bezerra achava-se naquele ambiente de luz e emoção, sinceridade e gratidão e vivendo com grande emoção aqueles momentos em que recordava dos 69 anos vividos na Terra como o Médico dos Pobres, o Irmão dos sofredores, o Discípulo humilde e sincero de Jesus e o Kardec Brasileiro.

De repente, sob a surpresa dos que compunham a grande assembléia, de mais Alto, uma Estrela luminescente dá presença. Era Celina, a enviada da Virgem Santíssima, que chega e lê a sua mensagem, promovendo Bezerra a uma Tarefa Maior e numa Esfera mais Alta. O Evangelizador Espírita chora emocionadíssimo e ajoelha-se agradecendo entre lágrimas, à Mãe das Mães a graça recebida, suplicando-lhe, por intermédio de sua enviada sublime, para ficar no seu humilde Posto, junto à Terra, a fim de continuar atendendo aos pedidos de seus irmãos terrestres que tantas provas lhe dão de estima e gratidão.

O espírito luminoso de Celina sobe às esferas elevadas donde veio e se dirige aos pés da Mãe Celestial, submetendo à sua apreciação o pedido de seu servo agradecido.

Daí a instantes, volta e traz a resposta de Nossa Senhora:

- Que sim, que Bezerra ficasse no seu Posto o tempo que quisesse e sempre sob suas bênçãos!

E da Terra e do Além partem vozes em Prece!1

Bezerra de Menezes que, na Terra, foi o extraordinário arauto do Evangelho, simbolizado na sua fé, na sua ação, no seu trabalho, no seu amor, nos seus pensamentos e na sublime caridade que praticava sempre em todas as horas de seu viver, continua ainda nas etéreas regiões, por intermédio dos mais diversos médiuns existentes em todo o Brasil, distribuindo as flores mais belas e mais viçosas, nascidas de seu coração aos que sofrem, gemem, choram e desesperam, em virtude de seus padecimentos físicos e morais.(*2)

É o caso de Deolindo Amorim que em carta dirigida a Ramiro Gama dá seu depoimento sobre o acontecimento extraordinário que acontecera em seu lar.

Costumava freqüentar uma sessão mediúnica, dirigida pelo coronel Antônio Barbosa da Paixão (um dos primeiros espíritas, que conheci no Rio de Janeiro), muito próxima da pensão onde eu morava. Certa noite, ao deixar a sessão em casa do coronel, ainda sob os efeitos do bom ambiente que eu levara do Centro, bem calmo e confortado, cheguei em casa tarde da noite e encontrei minha filha mais velha que tinha apenas 1 ano com dores fortes, sem dormir, chorando muito, apresentando contorções um tanto esquisitas. Minha mulher, com a menina nos braços, não conseguia melhorar a situação.

Quando vi o quadro, lembrei-me logo de fazer uma prece e pedir auxílio do Espírito de Bezerra de Menezes, que já me beneficiou mais de uma vez, em circunstâncias especiais. Como eu estava sob influência de ambiente sadio da sessão mediúnica, havia uma predisposição psicológica para o ato da prece.

Então, deitei-me naturalmente, como se fosse dormir, e fiz sinal a minha mulher que ficasse onde estava, com a menina nos braços, enquanto eu fazia a prece, comecei a sentir uma espécie de frio na mão direita e, deitado mesmo, ainda com os olhos fechados, apliquei o passe. Fi-lo com toda a confiança, porque já estava sentindo as irradiações desse bondoso Espírito. Resultado: à medida que aplicava o passe, de lá, da cama onde estava, pois a menina continuava distante, no quarto, ela ia ficando calma, ia deixando de chorar e, por fim, quando terminei o passe, com a prece, a menina já estava dormindo.

Minha mulher pô-la no berço, tudo voltou ao estado de calma e, no dia seguinte, a criança amanheceu rindo, como sempre, como se nada houvesse acontecido antes. Senti, aí, mais uma vez, pois tenho várias experiências pessoais, o poderoso recurso da prece, como também senti a vibração caridosa desse espírito iluminado, que se chamou, entre nós, Adolfo Bezerra de Menezes.(*2)

As mensagens de Bezerra transmitidas por diferentes médiuns, fazem-nos sentir que o Espiritismo é a força propulsora das verdades eternas, reerguendo-nos do lodaçal de nossos vícios e misérias. Bezerra de Menezes é para todos os que mourejam em terra do Coração do Mundo, a âncora de salvação, quando o infortúnio os atinge. Milhões de vozes pedem diariamente o seu socorro... Milhões de corações agradecem a esse grande benfeitor as dádivas do seu amor!

Bezerra de Menezes vive nos corações de todos os espiritistas do Cruzeiro do Sul!(*2)

Referências Bibliográficas:

*1. Lindos Casos de Bezerra de Menezes. Ramiro Gama.

*2. Vida e Obra de Bezerra de Menezes. Sylvio Brito Soares.

Autor: Eva Patrícia Baptista

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

28 de agosto - DIA NACIONAL DO VOLUNTARIADO

Parabéns a todos os trabalhadores do bem que semeiam esperança, fé, amor e sorriso no rosto de pessoas que estejam necessitadas!

Que Jesus ilumine a todos hoje e sempre! Que assim seja! Para comemorar esse ato de amor, uma passagem do livro Evolução em dois mundos, ditado por André Luiz e psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

Jesus e a Religião

Com Jesus, no entanto, a religião, como sistema educativo, alcança eminência inimaginável.

Nem templos de pedra, nem rituais.

Nem hierarquias efêmeras, nem avanço ao poder humano.

O Mestre desaferrolha as arcas do conhecimento enobrecido e distribui-lhe os tesouros.

Dirige-se aos homens simples de coração, curvados para a gleba do sofrimento e ergue-lhes a cabeça trêmula para o Céu. Aproxima-se de quantos desconhecem a sublimidade dos próprios destinos e assopra-lhes a verdade, vazada em amor, para que o sol da esperança lhes renasça no ser. Abraça os deserdados e fala-lhes da Providência Infinita. Reúne, em torno de sua glória que a humildade escondia, os velhos e os doentes, os cansados e os tristes, os pobres e os oprimidos, as mães sofredoras e as crianças abandonadas e entrega-lhes as bem-aventuranças celestes. Ensina que a felicidade não pode nascer das posses efêmeras que se transferem de mão em mão, e sim da caridade e do entendimento,da modéstia e do trabalho, da tolerância e do perdão. Afirma-lhes que a Casa de Deus está constituída por muitas moradas, nos mundos que enxameiam o firmamento, e que o homem deve nascer de novo para progredir na direção da Sabedoria Divina.

Proclama que a morte não existe e que a Criação é beleza e segurança, alegria e vitória em plena imortalidade.

Pelas revelações com que vence a superstição e o crime, a violência e a perversidade, paga na cruz o imposto de extremo sacrifício aos preconceitos humanos que lhe não perdoam a soberana grandeza, mas, reaparecendo redivivo, para a mesma Humanidade que o escarnecera e crucificara, desvenda-lhe, em novo cântico de humildade, a excelsitude da vida eterna.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

PRECE

Emmanuel
Senhor, ensina-nos:
A orar sem esquecer o trabalho;
A dar sem olhar a quem;
A servir sem perguntar até quando;
A sofrer sem magoar seja a quem for;
A progredir sem perder a simplicidade;
A semear o bem sem pensar nos resultados;
A desculpar sem condições;
A marchar para frente sem contar os obstáculos;
A ver sem malícia;
A escutar sem corromper os assuntos;
A falar sem ferir;
A compreender o próximo sem exigir entendimento;
A respeitar os semelhantes, sem reclamar consideração;
A dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever, sem cobrar taxas de reconhecimento.
Senhor, fortalece em nós a paciência para com as dificuldades dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros para com as nossas dificuldades;
Auxilia-nos, sobretudo, a reconhecer que a nossa felicidade mais alta será invariavelmente, aquela de cumpri-Te os desígnios onde e como queiras, hoje, agora e sempre.

Extraído do livro: A Semente de Mostarda
Psicografado por Francisco Cândido Xavier - Espírito Emmanuel

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Comemoração dos 19 anos do GENC

A comemoração ao aniversário de 19 anos do Grupo Espírita Nova Cafarnaum foi um sucesso!
Casa cheia, muita alegria e confraternização... 
Vejam algumas fotos... em breve postarei mais.
Muito obrigado a todos que trabalharam, ajudaram e participaram, todos têm o mesmo valor e importância na sustentação desta Casa abençoada.
Que Jesus ilumine e ampare nosso caminho para que possamos a manter de portas abertas para consolar e esclarecer todos aqueles que nos procurarem!
Que assim seja hoje e sempre!
























quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A MULHER E O LAR

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Apresentação do Palestrante:

Meu nome é Vânia de Sá Earp, sou espírita e trabalho no grupo Rita de Cássia de Estudos Espíritas no Leblon.

Considerações Iniciais do Palestrante:

O lar pode ser definido como a menor célula da sociedade e a mulher tem sido tradicionalmente o núcleo desta célula, mas hoje ela anseia pela igualdade dentro da família.

A família foi definida pela ONU como a menor democracia no coração da sociedade, mas essa democracia esta longe de ter como princípios a liberdade, igualdade e fraternidade.

Estamos a procura de novos paradigmas e a Doutrina Espírita vem ao nosso encontro nos trazendo os ensinamentos dos Espíritos de luz dando-nos a conhecer as Leis da natureza e abrindo a era de emancipação legal da mulher, como abre a da igualdade e fraternidade.



1 - Qual a relação espiritual entre a mulher e o lar?

A mulher é um espírito que reencarnou com a roupagem corporal de mulher, e no lar irá exercer uma de suas mais nobres funções que é a maternidade. Através dela e de seu companheiro este lar receberá espíritos que reencarnarão para progredirem através da convivência do amor.

Duas perguntas correlatas:

2 - Quando a mulher trabalha fora, como fica o seu compromisso diante da maternidade, ou seja, a quem confiar a incumbência da educação maternal? 

3 - Quando a mulher fica muito tempo fora do lar, por trabalho, estaria ela abrindo mão de um lar, compromisso este assumido ainda na erraticidade?

Como bem disse o professor Deolindo Amorim no seu livro "A Doutrina Espírita e os Direitos da Mulher": "Nos dias presentes, pretender que a mulher seja exclusivamente dona de casa seria um despropósito."

A mulher, através da história da humanidade, foi conquistando a sua igualdade perante o homem, e hoje pode desenvolver não apenas a função maternal, como também deve desenvolver o seu intelecto através de uma atividade profissional.

Diz "O Evangelho Segundo o Espiritismo" no Cap.22 que Deus quis que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, afim de que a afeição mútuas dos esposos se lhes transmitisse aos filhos e que fossem dois e não um somente a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir.

4 - Quais as conseqüências espirituais para a mulher que abandona seu lar, deixando sozinhos marido e filhos?

Culturalmente acreditamos que o espírito que reencarna como mulher é um Espírito superior pronto para renúncias e sacrifícios. Esta não é a realidade. Muitos espíritos ainda bastante comprometidos reencarnam em roupagem feminina para poderem progredir, mas ao invés disso se comprometem ainda mais.

5 - Como a mãe que precisa confiar a tarefa de educação dos filhos a terceiros (mesmo que seja à avó da criança) deve agir quando a criança mostra-se mais afeiçoada à pessoa que passa o dia inteiro com ela?

Não devemos ter medo da influência que temos na vida de nossos filhos. Se temos a consciência tranqüila que estamos fazendo o melhor para todos devemos aceitar esta afeição como natural, pois a convivência no momento está sendo maior com a avó, mas os laços do amor dependem muito da qualidade desta convivência mãe e filho. Se for bem conduzido, o amor prevalecerá e a criança ampliará o triângulo familiar (Pai, Mãe e Filho), aprendendo também a amar outras pessoas.

6 - Em relação à pergunta anterior, como colaborar para que a mãe e o pai não se sintam inseguros em relação ao amor do filho para com eles?

A insegurança muita das vezes é devida ao nosso sentimento de culpa: "Será que estamos fazendo o melhor?"

O casal precisa dialogar para concluir o que seria melhor para os filhos, para eles, para família enfim, estando firmes nas suas convicções e, diante da impossibilidade de parar de trabalhar, devem acalmar seus corações na certeza que estão fazendo o melhor possível, pois há uma diferença entre o ideal e o possível.

7 - Como deve se comportar a mulher que percebe que seu marido, depois de alguns anos de convívio, já não demonstra nutrir o mesmo amor do início do relacionamento? Como resgatar um sentimento de amor para manter o equilíbrio no lar?

Esperamos de uma relação de anos o arrebatamento do início do namoro e, se tal não acontece, achamos que já não a mais amor na relação. Portanto, vamos tentar construir essa relação diariamente, no respeito mútuo, dividindo as responsabilidades do lar.

8 - Quando o casal não se entende, é melhor a separação, ou continuarem juntos pelos filhos?

Novamente o ideal e o que nos recomenda o Evangelho é que o casal esteja unido pelos laços do amor. A relação sem amor é uma relação difícil no dia-a-dia.

Quando um casal não se entende, talvez queira dizer que cada um pensa de uma maneira diferente, vemos isso sempre como um problema, mas, na verdade, duas cabeças pensam melhor do que uma e é preciso chegar a um denominador comum no eterno exercício da tolerância, se isso for impossível. Só o casal pode usar seu livre arbítrio e decidir por uma separação.

9 - A mulher é a maior responsável pelo equilíbrio e a harmonia no lar ou isso fica por conta de uma visão antiga acerca da vida em família?

Isso nos parece realmente um velho estereótipo. Em "O Livro do Espíritos", pergunta 890, os espíritos nos dizem que: "O amor materno é um sentimento instintivo e uma virtude". "Quando nasce na mulher o sentimento de abnegação e devotamento em relação aos filhos, essa energia psíquica inicialmente instintiva atinge o grau de virtude." Esta é a opinião de Dalva Silva Souza que escreveu o livro "Os Caminhos do Amor".

10 - Como devemos agir diante de um filho errante que, por mais que se esforce, sempre cai no mesmo erro? Por que a mãe quase sempre é responsável pelos erros dos filhos?

Os pais sempre se acham responsáveis pelos erros dos filhos, mas, se eles têm a consciência tranqüila de que tudo fizeram para transformar os Espíritos que reencarnaram através deles em homens de bem, cumpriram a sua missão. Muitas das vezes temos filhos ingratos, outras mais sofremos a conseqüência de não termos podado a árvore no tempo certo, só a nossa consciência poderá nos dizer.

11 - Se o pai e a mãe se dão bem, mas vivem fisicamente em locais distantes, se encontrando alguns dias por mês, como fazer para constituir o "lar" diante da criança? Manter esta situação é condenável espiritualmente, uma vez que "lar" é um conceito de unicidade?

Se os pais se dão bem, podemos dizer que se amam, que se respeitam, que amam e respeitam seus filhos? O lar não é um espaço físico. Isso se chama casa. O lar é o espaço afetivo.

12 - E quando a mulher decide casar mais cedo?

A idade cronológica nem sempre tem a ver com a idade mental. Se a mulher é ainda jovem e decide se casar mais cedo, se estiver fazendo isso com maturidade, não há o que temer.

13 - Como lidar com as influências que a criança sofre por todos os lados (principalmente através da televisão), se a mãe nem sempre pode estar o tempo todo ao lado do filho?

Não podemos criar nossos filhos numa redoma e isso não seria nada saudável para eles. O melhor é que possamos desenvolver em nossos filhos o espírito crítico e, desde cedo, a criança estará apta a fazer esse exercício junto com os pais.

Mas limites são necessários e devem ser respeitados, que se explique as crianças da inconveniência de verem determinados programas e fazer junto com eles a crítica até dos desenhos animados que pareçam mais inocentes.

14 - Quando a mulher é espírita e o marido, não, o que deve ter prioridade: as tarefas na casa espírita ou a permanência por mais tempo no lar (quando o marido não compreende o fato da mulher ser espírita)?

Devemos procurar o tão famoso equilíbrio nas nossas vidas. As tarefas na casa Espírita certamente nos dão uma enorme satisfação, mas não será um preço muito alto a constante reclamação do companheiro?

15 - E quanto ao encaminhamento dos filhos na religião? Há pessoas que dizem que isso somente deve ser decidido quando a criança se tornar adulta. Gostaria que comentasse sobre a responsabilidade da mãe sobre tal aspecto.

A responsabilidade, como bem frisa o Evangelho, é dos dois, Pai e Mãe. Será que esperamos que nossos filhos tenham cáries nos dentes para depois levá-los ao dentista? Perguntamos a alguém se devemos matriculá-los no colégio? Valorizamos muito a educação formal e negligenciamos a educação espiritual.

A missão dos pais não é transformar seus filhos em médicos, engenheiros ou dentistas, mas em homens de bem.



Considerações Finais do Palestrante:

Jesus engrandeceu a mulher quando aqui esteve conosco em nosso planeta. Muitos anos se passaram e ainda hoje a mulher não é dignificada no seu papel. O Espiritismo é o Cristianismo redivivo e, como tal, irá resgatar o que Jesus nos ensinou, a mulher está mulher, mas é um espírito reencarnado. Amanhã poderá reencarnar como homem.

Portanto, homens e mulheres devem se complementar em suas funções e lutarem para a igualdade e a fraternidade reinarem em seus lares e no mundo. Dia virá que nos amaremos como irmãos, independente de sexo, raça ou credo. Trabalhemos por este mundo melhor.

Palestra Virtual Promovida pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br/
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br/
em conjunto com a Escola Espírita Cristã Maria de Nazaré e Grupo Rita de Cássia de Estudos Espíritas
e-mail: eecmnrio@unisys.com.br

Palestrante: Vânia de Sá Earp Rio de Janeiro 06/10/2000



CARTA DE UM FETO À SUA MÃE

Querida mamãe,

Não tenho palavras para exprimir-te a ansiedade e a sofreguidão com que me precipitei sobre aquele pequenino globo de luz que me ofereceste como semente abençoada, colocando-me a ele, como um náufrago agarra-se à tábua salvadora.

Depois, tranquilizei-me. Afinal, já era senhor de um grânulo microscópico, um pequeno torrão de açúcar, repleto de energia. Todinho meu! Senti-me importante, recebera de ti e de meu pai uma herança de valor inestimável. Veio, então, aquela sensação gostosa de potência, de que eu era capaz de vencer, apesar de todas as angústias que trazia por dentro.

Escorreguei, depois, por um longo tubo, como se estivesse em um tobogã, rolei, rolei e caí em uma caverna escura, mas, engraçado!, não tinha medo. O seu interior era aconchegante, com sucos nutritivos, poças cheias de líquidos tépidos e solo de veludo.

Todos os mecanismos da minha herança trabalhavam a pleno vapor. Eu já tinha o tamanho de uma cabeça de alfinete. Intimamente, sabia que alguma coisa não funcionava bem, mas eu tinha fé, acreditava que aquela angústia que trazia por dentro, um dia, terminaria.

Como o barro nas formas de oleiro, plasmava meu corpo nas retortas desta caverna. Desenvolvi-me. Cresci, obedecendo a um programa inexplicável.

Um dia, mostraram a minha imagem para ti, aconselhando-te a expulsar-me, porque era malformado, trazia imperfeições. "Era um monstro!", Foi uma tempestade dentro da caverna, onde me abrigo, Tuas lágrimas eram chuvas torrenciais. Teus pensamentos, raios fulminantes de luminosidade terrível a espraiar-se no ambiente escuro: "Por que Deus me esqueceu? Por que me castigou? Por que recebo em meu ventre um fruto deteriorado? De que me culpam?"

Recolhi todos os teus pensamentos e todas as suas angústias. E, desesperado, do fundo da minha inconsciência, respondi:

"Mamãe, Deus não te esqueceu. Ele te escolheu! A mãe de filhos eficientes é missionária do amor, mas as dos deficientes, são anjos dos Céus engastados na Terra.

Sou um fruto deteriorado, mamãe, mas estou deficiente, não sou deficiente!

Momentaneamente minha forma está defeituosa, mas, no fundo do meu inconsciente, eu não sou assim.

Não te culpes, mãe! Não te culpes pela minha apresentação! Quando te mostrarem, novamente, o meu retrato na caverna, tenha piedade da minha pobre forma e dá-me a chance de viver o quanto me foi designado!

Preciso de ti, da tua ternura, da tua renúncia. Levarás contigo, para sempre, a minha gratidão. Sou viajor do infinito, meu tempo é determinado por Deus.

Recolheste as minhas respostas de forma imprecisa.

Já é noite alta, no momento em que um computador invisível ajuda-me a grafar-te estes meus pensamentos.

Amanhã deverias internar-te para retirar-me à força da caverna. Estava tudo marcado.

Acabas, no entanto, de ler o jornal, em que viste a pequenina mão de um feto a segurar o dedo do cirurgião que o estava operando no ventre materno, para salvá-lo da morte. Nesse momento, foi como se recebesses, de forma clara, de uma só vez, todos os meus pedidos de socorro. Decidiste que eu continuarei a viver o tempo que me foi determinado.

Ah!, mãe, não podes ouvir, perfeitamente, meu choro de alegria, mas registra os meus pensamentos inarticulados:

Obrigado, mãe! És o anjo do Céu que me arranca das trevas para a luz!

Um dia, após a minha morte, quando as estrelas voltarem a brilhar no meu Céu novamente, nós tornaremos a nos encontrar! Abraçar-nos-emos, sorrindo e chorando de felicidade, porque minha forma estará tão bela como a luz do luar!

Até sempre, anjo da minha vida!

Beijos do filho grato, que não te esquece.



Texto de Marlene Nobre, do livro O clamor da Vida- (Editora FEB)




sábado, 17 de agosto de 2013

É HOJE!

A partir das 19 horas no Grupo Espírita Nova Cafarnaum!
Comemoração dos 19 anos da Casa!
Palestra - Evangelho - Apresentação do Coral Cantare - Noite da Pizza e muito amor!
Compareçam!
Nos vemos lá!


quarta-feira, 14 de agosto de 2013


NOS BASTIDORES DE UMA REUNIÃO ESPÍRITA

Esta apresentação foi realizada dia 12/08 pelo Facebook no Grupo Além da Vida, e é destinada às pessoas que têm curiosidade sobre o que acontece "do lado de lá" em uma Reunião Espírita. Como é a preparação que a espiritualidade realiza, quais os procedimentos, as preocupações, os tratamentos etc.

O texto é bem simples e as ilustrações facilitam muito a interpretação.

Espero que gostem.





























Agradecimento especial ao Harley Perini do Grupo Além da Vida que nos cedeu as imagens.